quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Sobre desilusão amorosa ortográfica | Por Larissa Vanzin

Nesta semana publicaremos o texto da nossa aluna Larissa Vanzin, que é advogada com vocação para escritora e escreve no seu Blog Meros Figurantes. Tenho certeza que você irá se divertir!


Sobre desilusão amorosa ortográfica

Por Larissa Vanzin


Outro dia estava conversando através de mensagem com um paquera. Até aí tudo normal, afinal, noventa e oito por cento dos solteiros está nessa função, estamos sempre em busca de uma boa conversa e de umas boas risadas. Pessoa linda, interessante, dedicada...até que veio a desilusão com o primeiro erro de português.

Li a mensagem e parei uns dois segundos. Pensei com os meus botões que o bonito tinha cometido um erro de digitação. Que ele estava dirigindo, digitou correndo e o corretor ortográfico fez o seu papel quase que com vida própria. Que eu estava sendo chata e implicante com a pessoa, afinal, todos cometemos eventuais errinhos toscos. Passei por cima, fingi que não vi e continuei a conversa.

Só que a criatura continuou com o assassinato ao vernáculo! Não conseguia conjugar um verbo da forma correta! Esquecia o plural no fundo da gaveta! Frases com lógica, nem pensar! Me agarrei ao Aurélio, chutei o bode da sala e apertei o botão do unmatch.

Sério, queridos leitores. Pode parecer uma exigência imbecil, chatice de virginiana que sempre tem um ou três livros na cabeceira, mas é quase inadmissível um ser humano que não sabe se comunicar da forma correta! Não precisa ser um Fernando Pessoa, pode abreviar algumas palavras mas, fala sério, o básico é fundamental. Passamos uns doze anos no colégio, mais uns cinco na faculdade, outros cinco nos inúmeros cursos extras, ou seja, passamos literalmente a vida estudando qualquer coisa, para no final das contas acabarmos jantando nos Jardins com alguém que fala “ni”, “naonde”, “niqui” (risos internos e eternos). Sorry, “não estará sendo possível” continuarmos com esse pretenso futuro relacionamento.

Peço desculpas pelo meu critério acima da média para quem acha que está bom do jeito que está, mas, para mim, tão importante quanto o corpinho bonito, é o cérebro que se comunica com maestria e vê beleza em um poema com aquela métrica que aprendemos há anos atrás!


Afinal, quem nunca escreveu um poema na adolescência, que atire a primeira pedra?!

Visite o Blog Meros Figurantes: http://www.merosfigurantes.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário